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Inovação e tendências no cenário das Cooperativas.

Como o cooperativismo pode sair beneficiado na jornada de inovação.

A inovação é uma força vital que impulsiona o crescimento e a relevância das cooperativas no mundo em constante transformação.

Em um cenário de mudanças rápidas e demandas cada vez mais complexas, pautadas pela mudança do comportamento do consumidor e pela massificação da tecnologia e do mundo digital, a capacidade de se adaptar e oferecer soluções inovadoras é essencial para o sucesso das cooperativas.

A inovação na gestão, nos processos e nos serviços permite que as cooperativas atendam às necessidades dos seus membros de forma ágil e eficiente, ao mesmo tempo em que se diferenciam no mercado.

Ao adotar novas tecnologias, explorar parcerias estratégicas e promover uma cultura de criatividade e experimentação, as cooperativas podem continuar construindo um futuro sustentável e, sem dúvida, mais promissor. Este artigo explora algumas facetas da inovação para cooperativas, destacando os benefícios e desafios dessa abordagem, bem como as tendências e melhores práticas para garantir um crescimento contínuo e aprimorar a experiência dos membros.

O setor do cooperativismo enfrenta diversos desafios, alguns dos quais são comuns a outras organizações, enquanto outros são específicos do modelo cooperativo. Abaixo estão alguns dos principais desafios enfrentados pelas cooperativas:

  1. Desafio da gestão: as cooperativas precisam equilibrar a participação democrática de seus membros com a eficiência operacional. A tomada de decisões coletivas pode ser mais lenta e complexa, especialmente em cooperativas maiores com muitos membros. Novas tecnologias permitem a veracidade dos votos e tornam o sistema ainda mais inclusivo ao trazer a expressão máxima da vontade dos cooperados, diminuindo conflitos e permitindo uma maior aderência às ideias e mudanças propostas.
  2. Desafio da diversidade dos membros: as cooperativas podem abranger membros com diferentes interesses, necessidades e níveis de envolvimento. Alinhar as expectativas e garantir a representatividade de todos os seus pode ser um desafio, exigindo um equilíbrio cuidadoso para atender a todas as partes interessadas. Neste cenário, o uso de tecnologias pode ser um facilitador, permitindo uma análise mais profunda do perfil dos associados com atuação mais cirúrgica na captação e participação de novos cooperados.
  3. Desafio da competitividade: em muitos setores, as cooperativas competem com empresas privadas e multinacionais. Equilibrar os valores cooperativos com a necessidade de serem competitivas no mercado pode ser um desafio constante, uma vez que a tomada de decisão pode demorar mais que empresas “top down“. Criar mecanismos de tomada de decisão ágeis e simples permite manter os princípios de gestão atendendo as demandas dos cooperados.
  4. Desafio da educação e conscientização: muitas pessoas não estão familiarizadas com o modelo cooperativo e suas vantagens. Promover a conscientização e a educação sobre o cooperativismo é um desafio para expandir a base de membros e atrair mais pessoas para o movimento cooperativo. Ferramentas on-line permitem acesso e capacitação de um número cada vez maior de pessoas, de modo a informar, conscientizar e mobilizar à ação.
  5. Desafio da adaptação às mudanças do mercado: com o mundo dos negócios em constante evolução, junto às novas tecnologias, mudanças regulatórias e tendências emergentes, as cooperativas precisam se adaptar rapidamente a essas mudanças para permanecerem relevantes e competitivas.
  6. Desafio da sustentabilidade: as cooperativas enfrentam desafios relacionados à sustentabilidade ambiental, social e econômica. Garantir práticas sustentáveis, respeitar os direitos dos trabalhadores e atuar de forma ética são questões fundamentais para as cooperativas.

Apesar desses desafios, o cooperativismo tem provado ser uma abordagem resiliente e sustentável para muitos setores econômicos e sociais. A razão se dá por suas atuações munidas de colaboração e inovação, favorecendo as cooperativas na oportunidade de superar obstáculos e contribuir para um mundo mais justo, inclusivo e sustentável.

Diante disso, o futuro do negócio das cooperativas apresenta diferentes cenários possíveis, dependendo de fatores como tendências econômicas, mudanças sociais, avanços tecnológicos e demandas dos consumidores. Apresentam-se, então, alguns dos cenários futuros mais relevantes que podem gerar impacto no negócio e na estrutura de gestão das cooperativas:

  1. Crescimento contínuo: as cooperativas têm potencial para crescer continuamente, especialmente em setores em ascensão, como energia renovável, economia compartilhada e agricultura sustentável. À medida que mais pessoas buscam alternativas colaborativas e sustentáveis, as cooperativas podem expandir sua base de membros e serviços, oferecendo soluções diferenciadas e personalizadas.
  2. Maior integração tecnológica: a tecnologia continuará a desempenhar um papel fundamental no futuro das cooperativas. A integração de soluções tecnológicas avançadas, como inteligência artificial, análise de dados, blockchain e Internet das Coisas, pode melhorar a eficiência operacional, a prestação de serviços e a tomada de decisões. As cooperativas que adotarem essas tecnologias estarão mais bem posicionadas para atender às demandas dos membros e se adaptar às mudanças do mercado.
  3. Foco na sustentabilidade e responsabilidade social: visto que continuarão a ser prioridades no futuro das cooperativas, que podem assumir um papel de liderança na promoção de práticas sustentáveis, redução do impacto ambiental, desenvolvimento comunitário e equidade social. Valores cada vez mais importantes para os consumidores, e as cooperativas podem aproveitar essa demanda crescente para fortalecer sua posição no mercado.
  4. Colaboração e parcerias estratégicas: à medida que os desafios complexos e interconectados se intensificam, as cooperativas podem buscar a colaboração e parcerias estratégicas para enfrentar esses desafios de forma mais eficaz. Isso pode incluir colaboração com outras cooperativas, instituições financeiras, startups, governos e organizações sem fins lucrativos. A cooperação e a sinergia entre diferentes partes interessadas podem impulsionar a inovação, compartilhamento de recursos e crescimento conjunto.
  5. Personalização e experiência do membro: no futuro, as cooperativas podem se concentrar cada vez mais na personalização de produtos, serviços e experiências para atender às necessidades individuais dos membros. Isso envolve o uso de tecnologias como análise de dados e inteligência artificial para entender melhor as preferências e comportamentos dos membros, oferecendo soluções sob medida que agreguem valor e promovam o engajamento.

No contexto atual, podemos também enumerar algumas tendências importantes para o negócio das cooperativas, que são base de pensamento para as ideias e iniciativas inovadoras:

  1. Digitalização: as cooperativas estão adotando cada vez mais tecnologias digitais para melhorar suas operações e oferecer serviços mais eficientes aos seus membros. Isso inclui a implementação de plataformas online para facilitar a comunicação e a colaboração, o uso de aplicativos móveis para acesso fácil e rápido a informações e serviços, e a utilização de tecnologias como a inteligência artificial junto à análise de dados para tomada de decisões mais informadas.
  2. Economia colaborativa: tem sido uma tendência crescente, e as cooperativas estão se beneficiando dela. Por meio de plataformas de compartilhamento, as cooperativas permitem que os membros compartilhem recursos, como veículos, ferramentas e espaços de trabalho, reduzindo custos e promovendo a sustentabilidade. Além disso, as cooperativas estão explorando modelos de negócios baseados na economia compartilhada, no qual os membros podem compartilhar habilidades e conhecimentos para benefício mútuo.
  3. Sustentabilidade e responsabilidade social: cada vez mais, as cooperativas estão se concentrando em práticas sustentáveis e responsabilidade social. Elas estão adotando medidas para reduzir seu impacto ambiental, como a utilização de energia renovável, a implementação de práticas de reciclagem e a promoção de produtos e serviços sustentáveis. Além disso, estão se engajando em projetos e iniciativas comunitárias para melhorar a qualidade de vida das pessoas em suas áreas de atuação.
  4. Inovação financeira: as cooperativas financeiras, em particular, estão explorando inovações em serviços financeiros para oferecer opções mais convenientes e acessíveis aos seus membros. Isso inclui o desenvolvimento de soluções de pagamento móvel, serviços bancários online, empréstimos peer-to-peer e a integração de tecnologias como blockchain para aumentar a transparência e a segurança das transações financeiras.
  5. Setores emergentes: as cooperativas estão buscando oportunidades em setores emergentes, como energias renováveis, tecnologia da informação, saúde e bem-estar, agricultura sustentável, entre outros. Esses setores oferecem novas possibilidades de negócios para as cooperativas, permitindo-lhes diversificar suas atividades e atender às demandas de mercado em constante evolução.

Se olharmos os sete princípios do cooperativismo, conseguimos visualizar diversos pontos de contato entre eles e a inovação. Diretrizes fundamentais que orientam o funcionamento e os valores das cooperativas, eles foram estabelecidos pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), uma organização que representa o movimento cooperativo globalmente. De modo mais sintetizado, vale relembrarmos:

  1. Adesão voluntária e aberta
  2. Gestão democrática pelos membros
  3. Participação econômica dos membros
  4. Autonomia e independência
  5. Educação, formação e informação
  6. Cooperação entre cooperativas
  7. Preocupação com a comunidade

Princípios que guiam a ética, os valores e a filosofia das cooperativas em todo o mundo, ajudando-as a cumprir sua missão de promover o bem-estar coletivo, a igualdade e o desenvolvimento socioeconômico de forma sustentável. Conforme referido, acima, os grandes desafios da inovação no mundo cooperativista não são diferentes dos vividos nas empresas. Aliás a inovação assume-se como transversal, independente dos negócios ou forma estrutural adotada. Claro que no cooperativismo tem suas particularidades que devem ser observadas sempre que se adota uma inciativa ou uma jornada de inovação.

A inovação seguirá como uma força transformadora para as cooperativas, abrindo caminhos para o crescimento, a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo. Ao incorporar a inovação em sua gestão e operações, as cooperativas podem enfrentar desafios e se adaptar às demandas em constante evolução dos membros e dos mercados. A capacidade de adotar tecnologias avançadas, colaborar com parceiros estratégicos e promover uma cultura de criatividade e aprendizado contínuo é fundamental para o sucesso das cooperativas inovadoras.

Além disso, as cooperativas devem estar atentas às tendências emergentes, como digitalização, economia colaborativa e sustentabilidade, e utilizar essas oportunidades para criar valor para os membros e a comunidade em geral. Ao abraçar a inovação, as cooperativas podem se posicionar como líderes do setor, oferecendo serviços personalizados, promovendo a igualdade e o desenvolvimento socioeconômico, e contribuindo para a construção de um futuro mais justo e sustentável. Com visão estratégica, resiliência e uma mentalidade aberta, as cooperativas estão preparadas para prosperar em um mundo em constante mudança, impulsionando o progresso e o bem-estar coletivo.

Luis Rasquilha
CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem (Research, Consulting, Business School, Online, Editora). Professor da FIA, da Fundação Dom Cabral (FDC), do Hospital Albert Einstein e da ESALQ/USP (Universidade de São Paulo). Conselheiro Consultivo da Mercur do Brasil.

Luis é também autor do Mapa de Tendências 2030. Vale a pena conferir!
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